As pessoas
Nós, como humanidade, chegamos ao ponto em que temos energia livre. O que devemos fazer com isso? De alguma forma, todo esse ênfase em assuntos secundários tem ajudado no desenvolvimento tecnológico, conectando-nos mais e mesmo encorajando o desenvolvimento em diferentes lugares do mundo. Teria isso acontecido se não houvesse tanto ênfase nos assuntos secundários? Se não houvesse tanta ganância e busca de poder? Talvez não, mas agora as referências para as pessoas com energia livre não parecem tão claras. As referências normais como a política, as instituições, as religiões, não são tao claras e até mesmo o sonho da “boa vida” não é de qualquer forma a referência certa. Então, talvez haja espaço para colocar ênfase no primário.
A coisa mais surpreendente é que tudo o que as pessoas têm de fazer é reconhecer que a solução para toda esta busca por segurança e felicidade não se encontra muito longe delas mesmas. Está aqui mesmo, dentro de cada um e de todos. As pessoas não têm que ir aos shopings ou viajar grandes distâncias. Elas só teriam que saber como dominar a sua própria “maquinaria” e depois fazer uma ou duas coisas para os outros.
Prontidão
As pessoas não irão perder nada perguntando-se o que elas próprias querem fazer das suas próprias vidas. Se a resposta é – ser feliz, satisfeito, em paz, cheio de força, etc., ou não sofrer, então a pergunta seguinte é só uma questão de procedimento, uma questão de saber o que farão com relação a esse assunto. Pela observação das suas próprias vidas e as dos outros, certamente irão ver o que funciona e o que não funciona. Finalmente, o que estão dispostos a fazer de forma a fazerem o que realmente querem. Estariam dispostos a fazer um pouco? Bem, então os resultados serão também pequenos. A pergunta final é: vêem esse assunto como uma necessidade ou um desejo fugaz, algo que seria bom, mas que não estão dispostos em colocar um grande esforço para que isso aconteça.
Sentindo-se diferente
Depois existe o reino espiritual, toda uma história diferente. Nem tão existencial nem tão concreto como a anterior, mas talvez até mais poderoso. A questão aqui seria perguntar se têm num ou noutro ponto sentido algo diferente, visto a realidade sob outro prisma, sentido algo diferente e poderoso, bom e sábio? Aqueles momentos especiais na vida de alguém em que se pede que voltem a acontecer mais vezes. Então a questão é se realmente querem que aquilo aconteça com mais frequência e se estariam dispostos a trabalhar para isso. Devem pensar ou pelo menos suspeitar que o que lhes aconteceu uma ou duas vezes, aconteceu dentro deles, e que isso é algo que se pode repetir, desde que se saiba como fazê-lo.
Sentido da vida
Algumas pessoas gostariam de ter um sentido nas suas vidas, conseguir canalizar toda sua energia para algo. Sentirem-se coerentes, enfocados, etc.
Outros gostariam de remediar certas coisas mais concretas tais como relacionamentos, dinheiro e a imagem de si mesmos. Problemas que sempre se relacionam com contradições, compulsões, desejos, etc. e, claro, falta de fé. É fácil conectar esses assuntos com o sentido. Talvez um pouco mais difícil que os outros porque as pessoas estão muito na periferia com a crença de que as soluções encontram-se nas diferentes compensações. E ainda existem aqueles que simplesmente querem funcionar melhor de forma geral, também fácil de conectar com o que propomos.
Finalmente estão aqueles que querem realmente libertar-se do medo, mas não são tantos que querem libertar-se do medo da morte.
Porque é tao importante não sofrer
Está claro que não gostamos de sofrer assim como não gostamos da dor. Livrarmo-nos da dor é sempre uma prioridade. Mas não acontece o mesmo quanto ao sofrimento.
Nós agimos de forma muito diferente com relação a dor e ao sofrimento. Tentamos livrar-nos da dor de forma eficiente, na maior parte do tempo. Mas parece que actuamos de forma ineficiente ao livrarmo-nos do sofrimento. Talvez por não querermos deixar de lado alguns prazeres da vida ou algumas posses e, definitivamente, o nosso EU.
Talvez seja necessário, neste ponto da história, libertarmo-nos da crença de que o sofrimento tem algum mérito. Ou que é inevitável. Ou então que se possa evitar o sofrimento através de discussões ou de compensações.
Quando um de nós sofre, o que devemos fazer é simplesmente soltar essa sensação, indo cada vez mais para dentro de si mesmo, até chegar ao seu centro. Usando o registro do sofrimento como um “gatilho” para deixar que essa mesma sensação se vá, e sentir-se conectado, com a outra dimensão, com o caminho do sentido, com o caminho que vem do futuro onde já somos imortais. Isso coloca “a causa” do sofrimento numa perspectiva diferente, levando-a e ao sofrimento longe de ser central no nosso espaço, que nos cega e hipnotiza, fazendo-nos crer que é real.
É claro que o sofrimento não irá desaparecer realmente até que o caminho esteja completamente claro, mas estar consciente do caminho ajuda na maioria das circunstâncias.
Com relação à morte, a maior parte das pessoas não gosta de pensar sobre isso. Quando acontece com alguém próximo a eles, a sua visão real torna-se clara. Seria extremamente interessante, no mínimo, se a morte fosse vista e sentida não como algo que produz sofrimento mas em vez disso como uma celebração da vida de alguém, e um agradecimento por eles estarem em outra dimensão maravilhosa. É verdade que, para que tal ocorra seria necessário que realmente tivessemos este ponto de vista e este sentimento com base na experiência. Talvez seja hora de o fazer. Como indivíduos e como espêcie.